Desde a sua origem, no século XIX, o cooperativismo apresenta-se como uma alternativa ao modelo de empresa de corte capitalista, propondo a aliança entre elementos econômicos e sociais. Assim, tende a gerar benefícios como o fortalecimento de comunidades, resgate da dignidade humana, espírito cívico, desenvolvimento de uma cultura solidária e empoderamento dos trabalhadores. No decorrer dos anos, porém, boa parte das cooperativas se afastaram de seus princípios originais e passaram a incorporar condutas próprias das empresas privadas. Com isso, surgiram inúmeras expressões do cooperativismo.
De acordo com Miguel Luzio, os estudos do projeto levaram a quatro configurações distintas do cooperativismo: cooperativismo de cabresto ou “cooperfraude”, cooperativismo concêntrico, cooperativismo isonômico e cooperativismo solidário. A pesquisa deu origem a vários artigos, que ajudaram a isolar as experiências mais expressivas do cooperativismo solidário em atividade no Brasil. “A gente chegou a seis que realmente se destacam, não só em termos quantitativos, mas que têm alguma particularidade que chama a atenção e que merece ser registrada”, explica o professor.
A intenção é consolidar as análises das cooperativas em um livro, que deve ser publicado no segundo semestre de 2023. Miguel Luzio afirma que as cinco experiências mais representativas de cooperativismo solidário no país, identificadas no projeto como modelos de democracia econômica, são a Copavi-Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Paranacity-PR), a Cooperativa de Alimentos e Agropecuária Terra Viva (Santa Catarina), a Rede de Cooperativas Central Justa Trama (percorre as regiões Nordeste, Sudeste e Sul), o Instituto Banco Palmas (Fortaleza-CE) e o Sistem UNIFORJA – Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia (Diadema-SP).